quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Descompasso



Pois eh...




Ontem descobri que meu coração está descompassado. E foi uma descoberta tão lógica quanto dois e dois são quatro. Durante todo o dia, de um jeito ou de outro, os assuntos caiam no "lugar comum": amor.


Sempre tive comigo que sou alguém fácil de se apaixonar, fácil de amar, que sempre sonhou com um amor, digamos, 3x4 [uma expressão inventada por esse medíocre ser, que quer dizer aqueles amores nos quais todo mundo sonha, algo mágico, sublime, ímpar, compassado, belo. Mas acima de tudo, REAL]. Tudo isto caiu por terra.


Quando as pessoas nas quais eu me encontrei ontem falavam de suas histórias de amor, percebi dentro do meu ser a mais pura miséria sentimental na qual me encontro. E sabe o que mais? Não me senti nenhum pouco culpado por isso, ao contrário: é como se pela primeira vez eu tivesse encarado de frente a realidade e, consequentemente, libertado meus mais profundos sentimentos e sensações que me afligiam. Compreendi que o amor não é uma coisa que a gente caça. Nós é que somos caçados por ele, de uma forma ou de outra. Compreendi que a gente fica inventando formas mirabolantes pra buscar algúem quando na verdade essa brincadeira de pega pega é perniciosa: em vez de assumidamente expurgar nossas carências simplesmente preferimos por alimentá-las, tratá-las com anabolizantes, de modo que qualquer dia desses, elas nos dão um nocaute. Simples assim.


Meu amigo Ricardo disse, já no fim da noite e algumas biritas, que ele uma vez amou a ponto de dar a vida. Eu suspirei bem fundo, dei minha risada de sempre e falei: 'e eu que achava que vc era frio quando te conheci. O frio sou eu'.


Para as pessoas que me conhecem há bem mais tempo, esse post de hoje deve soar como mais uma das minhas esquisitices, que eu sou um menino super doce, mas sequelado. Pode ser que tudo isso seja verdade mesmo. No entanto essa descoberta do meu descompasso abre precedentes pra que eu seja mais sensível as coisas, pois da mesma maneira que me descobri um ser que se faz de doce em certas ocasiões pra disfarçar seu egoísmo, cóleras sucumbidas e dor também enxerguei que é mais válido ser sincero consigo mesmo do que com qualquer pessoa. E isso é caminho pra libertação, pelo menos é nisso que acredito.


É claro que eu desejo ser encontrado pelo amor, mas rogo a Deus que eu seja merecedor de tal dádiva.


Hoje, enquanto cantava minhas músicas aqui na escola e meus colegas de trabalho dando risada, me perguntaram:




- Você está apaixonado, amando?




e eu:




- Não. Estou celebrando minhas misérias.

Vai entender...

e pra completar meu desvario, ouvi hoje uma canção antiga, mas que curiosamente traduzia minha alegria ao descobrir meu descompasso.

Vou Festejar
(Beth Carvalho)

Composição: Neoci / Dida / Jorge Aragão


Chora, não vou ligar

Chegou a hora

Vai me pagar

Pode chorar, pode chorar

É, o teu castigo

Brigou comigo

Sem ter porque

Vou festejar, vou festejar

O teu sofrer, o teu penar

Você pagou com traição

A quem sempre lhe deu a mão

Você pagou com traição...

Um comentário:

Jaq Gimenes disse...

Antes de mais nada... apesar de na hora ter achado que entrei no blog errada, tava tão acostumada com aquela coisa neeegra, mas o layout tá bem divertoso agora, bem melhor!

Gostei do post anterior, bem você mesmo... e quanto ao seu descompasso... pessoas compassadas e certa demais são muuuuito chatas!

E definitivamente você não é uma delas... então um viva ao caos de nosso ser, VIVA!

**o: