terça-feira, 28 de novembro de 2006

Lado A/Lado B


Materiais para fundição. Ato de fundir: transformar alguma coisa em outra, a grosso modo. Esfihas, agrado, viagem, vela, moedas esparramadas no chão, Nossa Senhora. Artigo interessantíssimo falando de amor. Avaliação constante, medo de admitir que fracassei, simples assim. Budapeste: narração em primeira pessoa, genial. Como este blog simples, medíocre. Mas meu.
Tempo nonsense. HSBC preparando o palácio avenida pra mais uma daquelas apresentações das criancinhas sofridas com belas vozes, emocionante. Tudo para um natal mais feliz [e consequentemente dar um "up" na imagem do banco].
Vias de sair da casa onde por um bom tempo residi lá. Simples assim. Como meus estranhíssimos, curtíssimos, cabalísticos, desastrosos e o escambal de relacionamentos. Uma pergunta dum amigo que por sinal faz aniversário hoje, novembro 28: "o que é que te prende aí"?
Nada. Essa foi minha resposta, simples assim.
Depressão, talvez? Necas. Apesar de tudo, amo muito minha vida. Ainda que nem sempre eu tenha dado atenção pra ela como merecia. Apenas a constatação de que hoje, e tão somente hoje, eu me sinto um stuped guy. Simples assim.

quarta-feira, 22 de novembro de 2006


Pois que és indivisível
és carne
carne de todas as carnes
carne de chuva
carne de sol
Pois que habitas em ti mesmo
carne do sorriso
carne do escárnio
carne tabelada
carne carmin
carne escarlate
Posto que és carne
e porque hoje é sábado
serás sempre carne
carne moída
carne de primeira
carne de pescoço
carne de mim.
(SOLDA/LEMINSKI)

Pois eh: há duas semanas atrás, na feira do livro na praça osório, achei esse poema tão interessante que pedi uma caneta e papel pra vendedora de livros e na caruda copiei.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Americam Dream


Well...

pouco mais de 10 dias, aderi a moda das academias. Como sou indisciplinado em quase todos os sentidos, até estranho essa minha persistência. Encontrei alguém interessante que não via há tempos, sei lá no que vai dar dessa vez. Porque é que a gente, mesmo que se policie, fica fantasiando e criando inúmeras expectativas? Quem souber duma resposta convincente...
A convivência na minha casa está cada vez mais difícil. É como se eu fosse um estorvo, minhas colegas mal me olham na cara e nem perguntam, ainda que por curiosidade mesmo: como é que vc está? Tudo bem? Em vez disso, a pergunta é: quando vc vai sair?
Meu fim de semana foi bom. Minha sexta-feira aqui na escola foi corrida. Meus dias aqui têm sido interessantes. Porém medíocres.
Falei com minha irmã no domingo, ela disse que ainda sente raiva da minha mãe por tudo. Eu disse: adianta, a essa altura do campeonato? [não sou nenhum candidato a santo por este ato, quem me conhece sabe que quando quero sou bem ácido e mesquinho. Mas é que na hora pensei: por mais que a gente tenha sofrido nessa vida, e é uma coisa inevitável, não adianta nada ficar guardando coisas que só vão fazer mal mesmo pra gente. Então o mais inteligente é mesmo deixar pra lá, e viver bem, nada mais].
Sabe, quando cheguei na escola hoje até o exato momento em que escrevo essas parcas linhas estava com esse pensamento do americam dream na minha cabeça. Nem tanto pelo fato do que seja, mas para que.
É verdade que eu me sinto absurdamente só, quis dar uma guinada na minha vida e nada mais estou do que colhendo o ônus e o bônus disso tudo. Verdade também que aprendi muito aqui, tenho muito a aprender, acertar, errar, brindar pelas minhas alegrias e fracassos. Verdade que há momentos em que a tentação de pegar a mala e "voltar pra trás" é enorme. Também é afirmativa a idéia de que eu simplesmente não sei se fiz a coisa certa. Muita gente deve me criticar, eu sei, pelas minhas atitudes. Eu não ligo pra isso. Apenas sei de que eu devia fazer alguma coisa, e é o que eu faço, por mais que custe: preciso fazer um esforço enorme para acreditar em mim mesmo. Acreditar que é possível sim ser a negação de uma estória que a todo custo as circunstâncias querem crer que seja uma história [isso pra mim é que é sonho americano, ou melhor dizendo: de qualquer latino-americano]
Pois eh, dias melhores virão. Piores também. Eu só quero ter discernimento pra ver o que é que faço com isso tudo.
Bem, é isso

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Mini Ensaio Sobre a Proclamação


Fica desde já escancarado
Em todos os autos, a quem interessar
Que neste novembro 15
Está proclamado!
Por poderes a mim outorgados [alguém perguntou?!]
Declaro que é válida toda forma de bondade
Desde que seja desinteresseira
E promova a humanidade
Desde o simples, rico, bom ou escárnio da sociedade.
Nem podemos esquecer
Que os que optarem por seguir este decreto
Ao certo precisarão
de muita energia e paciência
para compreender o outro, simples assim.
Toda forma de amar é válida
Contudo, que não seja alienante
De modo que os efeitos colaterais [grifo nosso]
Da mágica união entre duas pessoas
Não sejam cada vez mais constantes.
Dinheiro, pão e diversão são fundamentalíssimos
Para que este decreto entre em vigor
Mas se quisermos que ele funcione plenamente
Esses três elementos precisam ser democratizados efetivamente.
Sou o primeiro a espontaneamente assinar tal beleza
Pois sinto com certeza
Que essas palavras medíocres escritas com singeleza
Contribuirão para minha elevação pessoal
Fazendo parte, definitivamente, da nobreza de corpo e espírito.
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Curitiba, 15 de novembro de 2006
Michel Alves Ferreira
Medíocre redator do que chama de "santas asneiras"...

domingo, 12 de novembro de 2006

Casa Pré-Fabricada


Uma caneca de capuccino
para sorver meus melancólicos pensamentos
uma lembrança longínqua de um tempo nostalgico [porém triste]
um lugar comum, uma frustração latente,
um amor pendente, coragem um tanto ausente .
Luzes psicodélicas, turbilhão de gente nas ruas da cosmopolita cidade
minha mente não pára um instante
minha alma está apontada
a um horizonte nebuloso, confuso, distante.
Paradoxo: minhas infinitas mediocridades e fraquezas é que me deixam mais forte
meu destino, alegrias e dores, por mais que não queira
estão entregues à própria sorte
Porém nenhum pouco perto
da morte do espírito.
Tudo o que esse estranho ser pede, apenas
é um pouco de acalento
uma mochila, uma dose a mais de esperança
de modo que minha casa, caso e vida insignificantes
sejam saboreadas a contento.






terça-feira, 7 de novembro de 2006

Pegadas...


Dia desses em Foz aconteceu um evento do qual eu participei durante seis anos. Seis anos nos quais contribuíram em muito na formação desse estranho ser. Essa foi a primeira de muitas vezes que eu serei apenas uma lembrança por lá.
Interessante que há momentos e situações na vida da gente nos quais nos sentimos eternos, seguros de si. Entretanto, quando nos damos conta, somente as lembranças é que restam.
Especialmente nos últimos dois meses vivi tempos super difíceis aqui. Ficava me questionando acerca de tudo o que fiz [e que eventualmente deixei de fazer]. Poucas vezes fiquei tão desesperançoso das coisas como estava. Então, algumas coisas inexplicáveis acontecem:
1) uma grande amiga minha da terra das cataratas, dia desses, queixosa de tudo, dizia sentir a mesma coisa que eu sentia. O estranho disso tudo é que os caracteres brotavam dos meus dedos no msn[rs] de tal forma que quando lia, nem me dava conta de que era eu mesmo escrevendo aquelas coisas pra ela. Legal!
2) No auge do meu desespero, fui à igreja rezar. Mas me sentia tão desconcertado que olhava pra santa e dizia apenas: "Nem rezar mais consigo direito, toh com vergonha da senhora". Uma mulher me observava, no meu silêncio. Eu que sempre tive vergonha de chorar na frente dos outros, naquela hora nem liguei. Acho que foi a oração mais sincera que fiz na minha vida...
3)um convite de um amigo meu aqui pra ir à praia. Fui resistente, chato, receoso, até que resolvi aceitar. Acho que foi uma das melhores sensações que senti, pois o 1º encontro com o mar a gente nunca esquece. Estava chovendo, frio, a praia meio deserta na quinta-feira de finados, e eu ali, celebrando a vida.
4)no domingo, encerramento do tal evento em Foz, acordei cedo e resolvi, sozinho, caminhar na praia. Estava quase deserta, um ensaio de sol queria sair e eu ali, num turbilhão de pensamentos e sensações agradáveis. Olhava nas pegadas que fazia, logo associava a tudo na vida: Tudo o que construímos, vivemos e fazemos nesse breve espaço de vida não tem importância nenhuma. O que importa é como vivemos aqui. Daí pude entender plenamente o sentido de uma expressão que ouvi um dia, numa era atrás: "todos importantes, tudo importante, mas nada indispensável". Lembrei dos meus amigos, de tudo o que aconteceu comigo e sorri, contente.
Mal sabem todos eles da força que me deram para que, ainda gauche [break: segundo drummond, torpe, torto. Ou entenda como quiser, rs], pudesse teimar no caminho das boas lembranças. Afinal, é isso que importa!
Bem, é isso...
p.s.: especialmente agradeço aqui a duas pessoas, por existirem, nada mais: Jaq e Ricardo. Uma, tão igual a mim. Outro, tão diferente, divergente. Mas tão fundamentais na minha vida, nas minhas lembranças...