sexta-feira, 29 de junho de 2007

Sobre Músicas Que São Explicativas Por Sí só...


Dois Pra Lá, Dois Pra Cá

Elis Regina

Composição: João Bosco/Aldir Blanc

Sentindo frio em minha alma
Te convidei pra dançar
A tua voz me acalmava
São dois pra lá, dois pra cá


Meu coração traiçoeiro
Batia mais que o bongô
Tremia mais que as maracas
Descompassado de amor

Minha cabeça rodando

Rodava mais que os casais
O teu perfume gardênia
E não me perguntes mais

A tua mão no pescoço
As tuas costas macias
Por quanto tempo rodaram
As minhas noites vazias

No dedo um falso brilhante
Brincos iguais ao colar
E a ponta de um torturante band aid no calcanhar

Eu hoje me embriagando
De whisky com guaraná

Ouvi tua voz murmurando
São dois pra lá, dois pra cá

Emporté pas la foule...

domingo, 17 de junho de 2007

Sobre Memórias e Devaneios

As coisas utimamente adquiriram um colorido ímpar na minha vida utimamente: novas perspectivas profissionais e sentimentais, digamos assim. E, desse desencadeamento de cores, a busca por um tom mais leve, o "tom certo", parafraseando Lya Luft [perdas e ganhos, bom livro], é estranha pra mim.
De repente acordei, sem me dar conta inicialmente, como aquelas roupas lavadas com o poder hiper ultra mega espetacular de vanish: alvas, tanto que até dói de ver.
De repente, me olhava no espelho e me orgulhava de todas as manchinhas de cravos e espinhas no meu rosto, afinal, algumas delas têm histórias ótimas para contar.
De repente, não mais que de repente, me via numa espécie de transe vendo um grupinho de cantores latino americanos que tocam e cantam todos os sábados, na xv. A mesma coisa. Mas todas as vezes meus olhos viam um prisma de cores, brilhavam.
Não sei o que quer dizer isso, sei menos ainda a finalidade disso. Apenas sei dizer que tudo isto é muito bom...

terça-feira, 12 de junho de 2007

Você Me Faz Tão Bem
Detonautas
Composição: Tico Santa Cruz

Quando eu me perco é quando eu te encontro
Quando eu me solto seus olhos me vêem
Quando eu me iludo é quando eu te esqueço
Quando eu te tenho eu me sinto tão bem
Você me fez sentir de novo o que eu
Já não me importava mais
Você me faz tão bem...
Você me faz, você me faz tão bem
Quando eu te invado de silêncio
Você conforta a minha dor com atenção
E quando eu durmo no seu colo
Você me faz sentir de novo
O que eu já não sentia mais
Você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem...
Não tenha medo
Não tenha medo desse amor
Não faz sentido
Não faz sentido não mudar
Esse amor
Você me faz, você me faz tão bem...
Acho que não preciso escrever mais nada, a letra traduz o que ando sentindo nesses dias, mesmo sem saber no quê vai dar isso e quanto tempo vai durar. Mas ando com uma esperança surda no meu coração de que isso dure por um bom tempo...

domingo, 10 de junho de 2007

O Bonde [3]

Viver cada momento... como se fosse uma rota de ônibus. É o que estou tentando fazer in this moment...

sábado, 9 de junho de 2007

O Bonde [2]

Pois eh...
Tenho um sério problema, acho eu: sinto uma espécie de ansiedade incontrolável quando algo está prestes a acontecer.
Daí as reações são bem conhecidas: meu coração bate a mil, fico com um tremor nas mãos, não consigo deixar de pensar na coisa, no acontecimento, ou numa pessoa. Quem me conhece há algum tempo sabe que tenho um medo enorrrme de que tudo dê errado, ou invento caraminholas na cabeça, sei lá.
Acho que é mais ou menos essa sensação quando estamos interessados em alguém: somos invadidos por uma força surda, absurda, passional, banal. Verdade, desconheço os caminhos do amor, mas por duas vezes meu íntimo deu alguns "alarmes" de que algo estava pairando no ar. E confesso que tive medo. Esse mesmo medo que me bloqueou de viver histórias interessantes, bacanas. Que me impele a optar por não me abrir pra ninguém, nem mesmo meus amigos mais íntimos, minha família. Talvez porque seja o caminho no qual sofremos menos. Entretanto, deixamos de participar da centelha da vida: viver, tão somente viver.
Quando fiz a janta do meu aniversário, só apreciei de verdade todos os instantes um dia depois, enquanto tomava chá, sozinho, no domingo, em casa.
Acho que preciso acreditar mais em mim, e me preocupar menos com as eventuais frustrações, ainda que esse exercício seja extenuante e difícil.
Bem, é isso...

sábado, 2 de junho de 2007

O Bonde

Encontrei, afinal, inspiração para escrever nessa manhã cinzenta de Curitiba [e que depois, tímido, saiu enfim o sol]. Mas as idéias não são ordenadas, obedecendo um sistema linear, métrico: começo, meio e fim. Acho que o título desse post descreve um pouco o turbilhão de coisas que vemos, observamos, quando estamos num ônibus: conversas triviais, entusiásticas, discussões, silêncio. Da mesma maneira ocorreu comigo.
Posso dizer que num mesmo dia chego no céu e inferno, equilíbrio e caos. Ontem mesmo, fiz muitas coisas: tomei chimarrão logo cedinho com meu amigo padre, banquei o detetive pro meu patrão, falei com alguém pelo fone no qual confesso que meu coração está interessado, liguei pro Jacques pra saber das coisas, fui no bar do alemão com uma companhia agradável, fiz sexo num motel barato de cama vermelha [uhu!], encontrei uma moça na rua me pedindo dinheiro pra comer e contando uma história de contar o coração, mas que sinceramente não acreditei em nenhuma palavra do que me dizia. Mas mesmo assim, resolvi bancar o bom samaritano, ajudei, acreditei pifiamente, rs.
Tive saudades dos meus áureos tempos de jovem engajado de paróquia, dos ambientes e tudo o mais [ou na verdade eu senti saudades dos meus amigos, eles me fazem uma falta absurda], mas igualmente confesso, diário virtual, que essa saudade durou apenas cinco minutos. Apesar de tudo, eu me sinto seguro, feliz, revigorado. Como a caneca de chámistureba [ginseng, uxi amarelo e unha de gato] que aprecio agora, neste exato momento, enquanto escrevo.
Não sou um ser que tem a vocação para a virtude por excelência, digamos assim. Ser íntegro, honesto, saber medir as palavras, ser polido e gentil sempre, como algumas pessoas que conheço [a Vera, por exemplo, talvez ela nem imagine a admiração que tenho por ela]. Mas essa experiência de manter minha mente ocupada por 14 horas, todo santo dia, é ótima. Trabalhar com pessoas tão divergentes e diferentes de mim me obriga a refletir. Dar aulas é uma experiência singular, instigante, excitante. Não cobrar tanto de mim igualmente tem sido assim. Confessar para os quatro ventos que ando carente e necessitado desesperadamente de afeto também têm sido mais honesto, eu não preciso ser uma fortaleza e um poço de segurança. Mas igualmente mostrar claramente que não gostei de qualquer coisa e dizer na lata também me deixa leve.
É como se eu me sentisse preparado para alguma coisa que eu não sei, mas sinto que é uma coisa boa que vai acontecer, como se eu pudesse categoricamente dizer: estou pronto!
Pronto para pegar o bonde.

"...
/Fico tão leve que não levo padecer/
...
/É o bonde do Dom que me leva..."

[O Bonde Do Dom, Marisa Monte]