domingo, 12 de julho de 2009

Hey!


E fui andando sem pensar em voltar
E sem ligar pro que me aconteceu
Um belo dia vou lhe telefonar
Pra lhe dizer que aquele sonho cresceu
(Grande Tia Rita Jones Lee)

Coisas sem nexo, estúpidas, bobas, sem sentido, num primeiro momento. Palestras sacais, livros de auto-ajuda, mas que inegavelmente tem algo de verdade. Ou, de tanta mentira presente nos relatos, as pessoas acabam achando que é verdade, e se torna verdade.
Um café, um chocolate quente, 4ºC, friozinho da porra, uma conversa agradável (que nem daqueles que se vê nos botecos sujos da vida, que de sujos só tem mesmo o chão), Nany People numa comédia stand up fazendo a gente rir. E pensar nos seus 28 anos, afinal, segundo ela, saturno está entrando na tua vida e é preciso fazer alguma coisa (que saturno está entrando, sei lá eu, mas que é preciso fazer algo, isso sim concordo).
Mario Quintana, sempre me socorrendo no fim das minhas aulas, traduzindo de uma maneira limpa os sentimentos desse ser. García Marquez e suas putas tristes, me fazendo celebrar a vida, sempre: as risadas e os choros, os chefes sacais, os colegas de trabalho e os alunos, insuportavelmente chatos e fofos ao mesmo tempo.
Geladeira comprada a vista, sem dinheiro pro restante do mês, devendo a si mesmo e a uma porção de gente, mas mesmo assim, como diz uma amiga que está lá longe (cuidando da sua felicidade, de um jeito limpo, belo e escarrado), segue sambando e assoviando feliz seu rock and roll.
Morte do Rei do Pop, um sentimento de se sentir mais velho, de ter sua infância roubada, tal qual quando os menudos se desfizeram. Ou quando as spice girls, xou da xuxa, chiclete bolin bolão, taco, queimada, futebol de botão, brincadeira da pera-uva-maça-salada mista ficaram para trás.
Uma burrada feita, um sentimento de culpa presente.
Uns elogios, umas vontades de comer bife a parmegiana, tomar mta cerveja, ir pra uma balada e ficar até seis da manhã sem ter que pensar no dia seguinte.
Uma saudade dos meus manos velhos e velhas das terras paulistanas e iguaçuenses.
Umas conversas com amigos e colegas, umas lidas em blogs, sites, Twitters da vida, bla bla bla... onde o que se vê na sua grande maioria é gente ranzinza, descrente do amor, da amizade, botando culpa nos outros, no universo, ou na porra da síndica do prédio por suas desgraças. Só que estas mesmas pessoas (e muitas vezes eu mesmo), se esquecem de que as desgraças e corações despedaçados fazem parte da vida, por mais clichê que seja. E a fórmula para viver bem isso seria celebrá-las, tal qual fazem algumas tribos africanas quando morre alguém (elas dão uma festa). E também há o lado oposto, onde a gente não acredita que é merecedor de tanta energia positiva e passa a simplesmente boicotá-la, pra ver o circo pegar fogo, pra botar fogo no cabaré.
Prolixo, confuso, sem nexo, sem paciência pra tanta coisa, até poderia achar que minha vida seria uma bela duma cagada (e acredite, tenho vários motivos pra achar) não fosse chegar em casa todo dia e ver um sorriso largo, apenas porque você chegou.
E, mesmo se esse sorriso não existisse, estaria feliz por ver um animal peludo alisando e ronrorando toda santa manhã na tua coberta.
E, ainda que essa bolinha peluda não existisse, ficaria contente por chegar no meu cantinho, abrir uma cerveja e brindar o dia, pela glória ou pela bosta.