sábado, 30 de setembro de 2006

Depois das Três...

Pois eh...

Semana de insônia. Odeio ficar sem dormir. Mas arranjei um jeitinho de driblá-la: ler. E foi o que eu fiz nesses dias... li, sem ser pretencioso, uns quatro livros. Colocarei aqui um trecho de um deles e um poema do Drummond que traduzem todas as minhas sensações no momento...
Bem, é isso...

IGUAL-DESIGUAL
Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinhos são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais.
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de
[futebol são
iguais.
Todos os partidos políticos são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda são iguais.
Todas as experiências de sexo são iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e
[rondós são iguais
e todos, todos
os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais.
Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Igual a todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são
[iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro
[homem, bicho ou coisa.
Ninguém é igual a ninguém.
Todo ser humano é um estranho ímpar.
[Carlos Drummond de Andrade, A Palavra Mágica: Poesia, p.102, ed. Record]
TRECHO DO LIVRO AS HORAS
"Por que outra razão batalhamos tanto para continuar vivendo, ainda que comprometidos e prejudicados? Mesmo que tenhamos chegado ao ponto em que está Richard [break: personagem aidético do livro em estado terminal]; mesmo que estejamos descarnados, cobertos de escarras, cagando nos lençóis, ainda assim, queremos desesperadamente viver".
[Michael Cunningham, As Horas. Tradução de Beth Vieira, p.19]

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