Dia desses em Foz aconteceu um evento do qual eu participei durante seis anos. Seis anos nos quais contribuíram em muito na formação desse estranho ser. Essa foi a primeira de muitas vezes que eu serei apenas uma lembrança por lá.
Interessante que há momentos e situações na vida da gente nos quais nos sentimos eternos, seguros de si. Entretanto, quando nos damos conta, somente as lembranças é que restam.
Especialmente nos últimos dois meses vivi tempos super difíceis aqui. Ficava me questionando acerca de tudo o que fiz [e que eventualmente deixei de fazer]. Poucas vezes fiquei tão desesperançoso das coisas como estava. Então, algumas coisas inexplicáveis acontecem:
1) uma grande amiga minha da terra das cataratas, dia desses, queixosa de tudo, dizia sentir a mesma coisa que eu sentia. O estranho disso tudo é que os caracteres brotavam dos meus dedos no msn[rs] de tal forma que quando lia, nem me dava conta de que era eu mesmo escrevendo aquelas coisas pra ela. Legal!
2) No auge do meu desespero, fui à igreja rezar. Mas me sentia tão desconcertado que olhava pra santa e dizia apenas: "Nem rezar mais consigo direito, toh com vergonha da senhora". Uma mulher me observava, no meu silêncio. Eu que sempre tive vergonha de chorar na frente dos outros, naquela hora nem liguei. Acho que foi a oração mais sincera que fiz na minha vida...
3)um convite de um amigo meu aqui pra ir à praia. Fui resistente, chato, receoso, até que resolvi aceitar. Acho que foi uma das melhores sensações que senti, pois o 1º encontro com o mar a gente nunca esquece. Estava chovendo, frio, a praia meio deserta na quinta-feira de finados, e eu ali, celebrando a vida.
4)no domingo, encerramento do tal evento em Foz, acordei cedo e resolvi, sozinho, caminhar na praia. Estava quase deserta, um ensaio de sol queria sair e eu ali, num turbilhão de pensamentos e sensações agradáveis. Olhava nas pegadas que fazia, logo associava a tudo na vida: Tudo o que construímos, vivemos e fazemos nesse breve espaço de vida não tem importância nenhuma. O que importa é como vivemos aqui. Daí pude entender plenamente o sentido de uma expressão que ouvi um dia, numa era atrás: "todos importantes, tudo importante, mas nada indispensável". Lembrei dos meus amigos, de tudo o que aconteceu comigo e sorri, contente.
Mal sabem todos eles da força que me deram para que, ainda gauche [break: segundo drummond, torpe, torto. Ou entenda como quiser, rs], pudesse teimar no caminho das boas lembranças. Afinal, é isso que importa!
Bem, é isso...
p.s.: especialmente agradeço aqui a duas pessoas, por existirem, nada mais: Jaq e Ricardo. Uma, tão igual a mim. Outro, tão diferente, divergente. Mas tão fundamentais na minha vida, nas minhas lembranças...