quinta-feira, 15 de maio de 2008

Com A Palavra, Uma Tentativa de Defesa

Saludos!

Confesso que a perguntinha que deixei no post anterior (e os respectivos comentários dela pelos meus queridos leitores) me motivaram a escrever este. Acho que por uma série de argumentos, longuíssimos pra descrever aqui, me fizeram hoje a discordar um pouco das minhas nobres colegas.
Sim, por algum tempo eu achava que as pessoas precisavam achar a sua respectiva metade, tampa da panela, tanto em amizades, relacionamentos, trabalho, famiage, tudo, enfim. Aí percebi que esta era uma visão ingênua e romanesca demais das coisas, que era algo apreendido do chamado "amor verdadeiro ou amor romântico"

BREAK (a little sobre essas duas coisas)

Segundo Regina Navarro, psicóloga carioca, em seu livro A Cama Na Varanda, argumenta que a forma de amor na qual comumente é inquestionável nos dias de hoje foi algo construído e apreendido desde o século XIII, num processo beeeeeem lento. De que as pessoas só seriam felizes com uma pessoa só na vida, que o amor e a paixão (aqui confundidos) durariam para sempre, que seria impossível ter mais de um amor ao mesmo tempo, de que um pouco de ciúme é ótimo pro relacionamento. Nota-se de passagem a tremenda da discriminação entre os homens e as mulheres, tanto que geram estereótipos do tipo homem solteiro está aproveitando a vida... e mulher solteira ninguém a quer. Também aqui se aplica o caso da traição, de que quem trai não ama mais a pessoa, de que as mulheres são sempre santinhas, etc, etc e etc. Os meios de comunicação adoram explorar esse tipo de amor.
Penso que o lado bom disso é que os relacionamentos ficaram mais humanizados, houve a instalação da ternura, do casamento por amor, do carinho entre os pares, ainda que tímido no início. Mas pros tempos atuais, as consequências são desastrosas: várias pessoas são obrigadas a aturar maridos e mulheres em casamentos de fachada, no lugar da construção do relacionamento só há agressão, não admitir que o amor acaba pq simplesmente acaba, de que o ciúme sim é uma coisa podre e doentia. O livro da Regina, aparentemente parece super pessimista, tanto que ela não apresenta receita nenhuma. Ela quer apenas "arejar" as idéias de amor e sexo para que as pessoas estabeleçam um diálogo nesse mundo instável e busquem o equilíbrio. Sem dúvida, pra mim, esse livro foi ótimo pq me abriu inúmeras janelas de pensamento sobre o amor.


Também houve o tempo no qual eu pensava que as pessoas são completas sim, que Deus jamais nos faríamos incompletos pq seria aberração, e que as pessoas apenas procuram afinidades, compatibilidades e que daí estabelecem algo, constrói algo. Aí percebi que o perigo disso é que tendemos a ser prudentes e racionais demais, como se o amor (aqui equivale a todas as formas) fosse algo que pudesse ser totalmente exemplificado numa fórmula. Se assim fosse, a gente estaria se relacionando com pessoas exatamente iguais a gente e se mesmo assim estivéssemos com alguém diferente, o choque seria tanto que acabaria sendo insustentável. Ou padronizaríamos o mais fraco em caixinhas bonitinhas. Perderia a essência.
Hoje eu acredito em algumas coisas:

1) que somos pessoas incompletas e que nos completamos uns com os outros e por isso existe amizade, amor, família, consciência, sociedade.

2) que o estar só é uma constante na nossa vida, e que jamais podemos esperar que o amor queira resolver todos os problemas, não criando falsas expectativas. Que nascemos só e morreremos só. Nossa cultura não nos educou para a solidão, por isso é tão horrível chegar em casa às vezes e estar tudo em silêncio...

3) que existe uma diferença ennnnnooooorrrrme entre ser apaixonado pela pessoa (mesmo com todas as irritações e frustrações, mas se as coisas boas superam as ruins e há diálogo e carinho, vai-se embora) e pelo fato de estar apaixonado (aí resulta de nos entregarmos pouco, de criar barreiras, de usar as pessoas como se fossem copos descartáveis).

4) que mais do que as porras de teorias de relacionamento, livros de auto-ajuda e o escambáu de amor, para se estabelecer diálogo verdadeiro com o parceiro é preciso primeiro conhecer-se, aceitar-se, e saber que somos humanos, sujeitos a cenas de infantilidade e cagadas enormes.

5) que um dia o amor pode acabar pq simplesmente acaba e não há nada que possamos fazer quando isso acontece senão ser verdadeiro consigo e com o outro.

6) que o acaso existe sim. Que há fatores e forças tão absurdas neste universo que fazem com que uma pessoa encontre com outra exatamente naquele dia, naquela hora, e que justamente só ela no mundo é que é importante. Que só ela foi capaz de te cativar, sabe-se lá por que. Podemos estabelecer parâmetros pra isso, mas jamais quantificar ou racionalizar isso cem por cento. Simplesmente acontece. Aí sim, neste caso, creio sim que as pessoas naquele momento, foram feitas uma pra outra. Mas que no dia seguinte, não se sabe se essa máxima perdurará.

De todas as coisas que eu vivi nesses pouco mais de dois anos aqui em curita, o maior ensinamento que tive foi esse: de que o amor é, ao mesmo tempo, ameaçador e benéfico. Basta dosarmos um pouco a cada dia. Talvez por isso que hoje valorizo muito mais minha família, meus amigos e todos os outros que amo ou amei. Que deixei de ser ingênuo mas que conservei a essência de me encantar com diálogos apaixonados que beiram ao ridículo. Que sou capaz das maiores burrices, que sou alguém difícil de conviver, mas disposto a amar e deixar-se amar.

E vocês, o que acham?

Beijocasssssssssssssss e abrazos......

3 comentários:

nina percheron disse...

michel! não se lembra de mim moreno?
:P eita!
beijos ;*

nina percheron disse...

nao me aguentei e tive que ler outra vez seu blog. cara fascinante o que escreveu sobre esse amor.. =) obrigada pelo ítem 6! há o amor nao foi um bom amigo até agora pra mim, mas parece que agora ele quer me sorrir! sei que vc nao tem nada a ver com isso, talvez vc nem lembre de mim (sou a Marina, do grupo Jadas, a loirinha branquela de olhos claros!), mas serviu pra mim o que vc escreveu! :* lindos escritos os seus curitibano! cuide-se! :)

nina percheron disse...

hahaha! que bom entao!

gosto das coisas que vc esvrece!
ah muito eu leio seu blog, mas entao resolvi fazer um :) mas nem sempre consigo achar as palavras certas pra me expressar sabe... sou bem desastrada as vezes nessas coisas e falo/escrevo demais! :)

Mas posso fazer um link seu? pra ser mais facil de te achar? hehe

beijos querido! tudo de bom!