terça-feira, 13 de março de 2007

Pensamentos e Constatações Líquidas

Misto de vaidade, misto de solidão, misto de desapego, misto de uma puta vontade de escrever. Isso é o que me move hoje. Me impele a confessar simplesmente: falhei. Tento por vezes andar na contramão do que é proposto, do que vemos, sentimos e ouvimos, mas vejo que cada dia mais se torna dificílimo para mim.
Sabe quando há momentos nos quais você duvida de tudo, de todos, tal a velocidade das coisas e situações? Pois é. Num mesmo dia sou obrigado por vezes, e em outras por livre e espontânea vontade, a fingir papéis. Ser um fingidor-mor, como dizia Fernando Pessoa. Daí quando entro no meu catre, percebo que nem ao menos identificação nenhuma possuo no lugar onde repouso meu corpo, onde passo horas dormindo, tomo meu café frugal, quase nunca almoço, saio correndo para compromissos nem tão importantes assim.
Talvez tudo isso pra justificar essas sensações que mal consigo distinguir claramente do que se trata. Mas daí, fim de semana: o encontro com amigos [Deus que me perdõe, mas tem horas que eu duvido veementemente se eles são mesmo meus amigos. E mais do que isso: se eu tenho sido amigo deles também.], para falar dos mesmos assuntos, falar mal uns dos outros, ir aos mesmos lugares. No fundo, refletimos uns nos outros as nossas misérias e incapacidades.
Comparo esse misto de coisas nas quais eu sinto como um prisioneiro de guerra no qual é obrigado a ficar dias sem dormir: tal a privação de sono este deixa de ser pessoa, passa a ser número, boneco, ventríloco, robô, mecânico. Desprovido de sentimentalidades, ideais, espiritualidade, compromissos, responsabilidades, enovolvimento, comprometimento. Passa a ser guiado pelas novidades, dvd's, cd's, tratamentos de estética, computadores, salas de bate-papo, encontros e mais encontros virtuais nos quais todos sabemos que a probabilidade de chegarem a algum lugar é quase nula, roupas, celulares, comidas, shoppings, pagamento de contas e mais contas, cobranças...
Quando minha chefe ontem chorava, me contando todos seus problemas, era como se estivesse refletido naquele discurso o eco das minhas dores. Sim, eu disse coisas positivas pra ela, mas que no mais íntimo de mim eu não acreditava em nada do que eu próprio dizia, tal o pessimismo que me encontro. Quantas pessoas, não importando que seja nas grandes ou pequenas cidades, gritam por socorro, ainda que de forma pueril e disfarçada?
Quantos sonhos e aspirações são sacrificados em nome de preconceitos arraigados, consumismo desenfreado e imagem exacerbada do "look my body"? Quem garante que todo esse post que pouquíssimas pessoas lêem, seja verdadeiramente resultado de um processo de dor na qual me encontro?Ou se é apenas uma postagem de alguém frustrado, pessimista, rancoroso e talvez até presunçoso?
Não sei. A única coisa que eu sei é que estou cansado de gritar por socorro. Às vezes a "anestesia" é tão cavalar que eu desejo qualquer coisa, deve ter algum sentimento qualquer que sirva.

2 comentários:

Ricardo Alexandre disse...

Uau

Jaq Gimenes disse...

só quero dizer que eu sinto isso as vezes... que entendo todos esses demmonios internos que pessaos caoticas como nós enfrentamos, mas só tenho uma coisa séria pra dizer: te amo!